quarta-feira, 28 de setembro de 2011

ECLIPSE

I
O tempo me faz cansado, e os anos se passam;
Os sentidos não são mais os mesmos;
Mas os corpos celestes continuam em seus destinos;
O tempo age sobre nós e minha face se altera a cada dia;
O astro rei nos ilumina e me faz enxergar sua áurea;
E logo vejo seu olhar cada vez mais distante;
Eu posso entender seus movimentos, mas você não mais;
Esferas gigantes giram no espaço sideral;
Sustentadas no vácuo;
E eu mesmo apoiado não posso mais andar;
Envolvidos num campo magnético;
A atracão me aprisiona e me faz refém;
No movimento dos astros tudo continua como no começo;
O tempo não para e não deixa de passar;
Metade da luz já se foi e sua visão ainda é limitada;
Não assine sua sentença;
Olhe para o céu e veja o espetáculo;
Os astros se alinham , se acasalam num momento único;
O seu tempo não é como o deles;
Olhe o eclipse;
A sombra já lhe encobre;
O último raio de luz se foi;
Os astros se alinharam a penumbra nos cobriu;
Eu pude entender e agora sei oque fazer;
Você nem quis saber e agora a noite invadiu o dia;
Você não pode me ouvir;
Você não quis me seguir;
Você pensou que não era real;
E não contou com o eclipse total.
II
Mesmo sob luz;
Meus olhos se pesaram diante de imagens do passado;
Mas ainda posso vê-la;
E você não consegue me entender;
No princípio era apenas uma atração;
Assim como o astro maior sobre o menor;
Na inércia de idéias e na ausência de sentidos;
O tempo passa e você continua a mesma;
No movimento dos astros;
Sua visão é tremula e incerta;
Sua contradição é sua sentença;
E mesmo assim você não percebe que o tempo é curto;
Na escuridão parcial;
Vejo seu mundo girar em torno de si;
Oh! Minha criança será sua doce inocência;
Ou sua pobre ignorância?
Olhe para a lua e veja o tempo que lhe resta;
Sua beleza é ofuscada pela sua incerteza;
Olhe adiante e procure o verdadeiro sentido das coisa reais;
 Veja oque atrás da sombra que lhe encobre;
Pois assim como a terra encobre a lua;
O material encobre o espiritual;
Num eclipse total.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

VENTOS

Zéfiro
Aos ventos que sopram por todas as partes;
Que levam mensagens de amor e dor;
Que levam a doce sensação de liberdade;
E na sua ausência o cárcere do corpo;
A atrofia da alma;
Que espalham sementes de vida e paz;
Algoz de campos varridos de morte;
Coisas e fatos se perdem levados por ele;
E outras tantas mais se acham junto a ele;
Aqui e em todas as direções. 

QUASE SEM QUERER


Por muito tempo;
Conheci coisas;
Fiz uma imagem;
Que muitos queriam ter;

Por muito tempo;
Brinquei de escrever;
Sem querer;
Revelei verdades que muitos;
Não queriam saber.

domingo, 25 de setembro de 2011

EXCESSOS


Poemas contêm excessos;
Palavras contêm excessos;
Segundos seguem e vidas se excedem;
Verdades e mentiras se esbaldam em excessos;
Paixões são excessivas;
Excessos são loucuras;
Os poetas não deixam de se exceder;
Quando precisam aparecer.

sábado, 24 de setembro de 2011

VENTOS DO OESTE


Eu sei.... no final de tudo....
Quando meus olhos enevoados se perderem no horizonte;
Quando a música que tanto ouvi, já me parecer distante;
E minha maquiagem já de fato estiver alterada pelo tempo;
E meus olhos apontarem a direção dos meus passos já cadenciados;
Lembrarei dos ventos que outrora do oeste sopraram;
Da mais leve brisa a mais forte tormenta;
Ventos que me acalentaram a alma;
Ventos que me despertaram
Ventos que me nortearam;
Quando o tempo já for escasso;
Eu terei a certeza que os ventos do oeste;
Sempre sopraram mais fortes.

OPOSTOS


Os opostos não são filhos do acaso nem caminham a esmo;
São apenas faces de uma mesma verdade;
Assim como o poente anuncia a noite para  logo o nascente pintar o novo dia;
Separados por  um breve momento perdido no espaço e no tempo;
Que tempo separa a felicidade da tristeza?
Se agora meu riso se torna um canto e logo meu silêncio faz-se pranto;
Que tempo separa a juventude da velhice?
Se há tantos jovens que são tão velhos e velhos que ainda são tão jovens;
Até ontem me sentia uma fortaleza;
Bastou um novo dia, uma nova roupa, uma nova cena;
Agora já escravo da fraqueza;
E o que falar da coragem que embalou sonhos;
E empurrou multidões e na reta final;
Tropeçou no medo e se desfez como castelos na areia;
Que espaço, que tempo é esse que determina a glória do fracasso?
A razão da loucura?
A ordem do caos?
Agora vejo o passado como cinzas de um combustível já queimado;
E o futuro como um desenho inacabado, feito a lápis prestes a ser alterado;
O que me resta é o hoje é o agora;
Pois o que é hoje amanhã não mais;
O que hoje você tem sob controle;
Amanhã escapa por entre seus dedos;
Que tal viver, que tal fazer, que tal amar como se fosse a última vez?
Se a vida é feita de forças, sentidos e emoções opostas;
De pequenos e grandes paradigmas e paradoxos;
Como pode o mesmo ar que mantém vivo;
Que revigora minhas células é o mesmo que me mata?
De maneira calma e serena sem que eu perceba;
Que linha tênue separa a vida da morte?
Se o tempo que nos é dado foge ao nosso controle;
E corre de maneira contínua e furtiva;
Os opostos andam lado a lado;
O que de fato a vida escolhe?
O que de fato nós escolhemos?
Hoje eu vivo, talvez ainda hoje eu morra.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

VULCÃO



Não se pode deter a explosão de um vulcão;
Nem a intensidade de suas erupções;
Assim como não se pode prever a quantidade de lava que ele expele;
Nem mesmo a distância que suas cinzas alcançam;
Tudo depende do tempo que se vive;
Da intensidade que o impulsiona;
E do vento que sopra.

SOL OCULTO


Existe um sol em seu céu;
Você pode sentir?
Existe um astro em seu mundo;
Você pode ver?
Dia após dia;
Noite após noite;
Ele cintila, oscila e radia;
A quem nele se guia;
E você ainda não pode entender;
Astro do anonimato;
Mestre do silêncio;
Oculto rei, distante velejador;
Multidão desvairada corre sem direção;
Estrela oscila sem compreensão;
Retire a cegueira da visão;
Quando você abrir as portas da percepção;
Você entenderá;
O Sol e asi em sua própria razão

BELAS


Minha lágrima é minha essência;
Ela se propaga ao extremo;
Onde poucos ouvem;
Onde poucos chegam;
E os poucos que chegam;
Apenas um a vê.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

NO TETO DO CÉU


Ultimamente andei pela sombra;
Vendo coisas que me cansaram as vistas;
Ouvindo coisas que me atrapalharam os sentidos;
Ultimamente andei me armando;
De sonhos e idéias, desejos e devaneios;
E coisas desse  gênero;
Preciso uma vez mais voar acima de tudo isso;
E chegar ao teto do céu;
Onde o albatroz faz seu voo sublime e soberano;
Onde tudo parece ser tão pequeno;
E lá descobrir uma nova vista;
E ouvir uma nova canção;
E libertar meus sentidos da contra mão;
Mas o afã que me segue é demasiado grande;
E o lume que me orienta chegou ao seu termo derradeiro;
Espero não ser mais um ímpio a sucumbir pelo caminho.

POR UM INSTANTE


E se por um instante, eu pudesse além de falar;
Eu pudesse mostrar-lhe tudo que vivi;
Tudo que sonhei;
Tudo que senti;
Tudo que criei,
Tudo que destruí;
E se por um instante minha aura transparecesse;
E minha essência ávida por compreensão gritasse;
E em flancos distantes minha voz ecoasse;
E o mundo inteiro então despertasse;
Ainda assim, tudo isso seria como folhas secas;
Bailando numa manhã de outono;
Nada mais que palavras perdidas ao vento;
Nada mais...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

MEU ANJO


Anjo que me velas;
O que é que me espera?
Se o vento que agora sopra é o mesmo que me leva;
Se meus dias engolem meus dias
E meus anos colecionam velhos anos;
E o meu tempo não é como o seu;
Anjo que segue meus caminhos;
E conhece minhas entranhas;
Por que tudo agora se desperta?

BURACO NEGRO SOLAR


Me perdi nas entranhas de uma mente eloquente;
Á margem de um buraco negro solar;
Cercado de estrelas e cometas;
No horizonte de eventos;
Prestes a ser tragado;
Ou ser expelido;
Prestes a ser amado;
Ou ser odiado.

domingo, 18 de setembro de 2011

CORRA



Corra, corra meu único amigo;
O sol poente há muito nos deixou;
Agora é melhor correr;
Corra durante toda noite de insônia e nervos alterados;
Não há nada que possa ser feito;
Além do seu triste arrependimento;
Feche seus úmidos olhos e corra do seu passado de culpa;
Não olhe mais para trás, mesmo que jamais olhe em seus olhos novamente;
Corra ilusionista, sonhador;
Corra poeta, distante navegador;
É chegada a hora de pintar um novo mundo;
Com as cores que só você conhece;
Uma nova vida de histórias que jamais se esquece;
Sua grande obra ainda está por vir;
A estrada é longa e silenciosa;
Faça florescer seu deserto arenoso;
Faça valer seu desejo de mudar;
Mas corra;
Corra como nunca.